Ricardo estava muito nervoso, pois o chefe do tráfico da sua cidade, Governador Valadares, tinha lhe dado um prazo para que a maconha fosse paga, e, embora este prazo ainda não tivesse terminado, as seis horas restantes não o tranqüilizava.
Ricardo era nato da alta sociedade valadarense, era belo, loiro, alto e, devido a sua ocupação, personal trainee, tinha um físico de atleta. Tinha 23 anos e era filho do industrial mais sucedido de sua região. Fora criado pelo pai, pois a sua mãe havia morrido ao dar a luz ao primeiro e único filho. Era essa versão que foi contada a ele.
O personal teve a vida que qualquer ser humano queria ter. Aos 18 anos, já conhecia a maioria das cidades turísticas da Europa, Ilhas do Caribe, plataformas da Argentina e savanas da África.
O seu pai, por ser um homem de negócios, raramente viajava com ele, mas, por outro lado, concedia-lhe a mais bela e cara estrutura de passeios turísticos.
Até os 15 anos, Ricardo era um exemplo de filho. Extremamente obediente e inteligente. Sempre fora o primeiro da turma, já tinha sido o primeiro lugar em um concurso de nível nacional e, ao participar de uma maratona de matemática, em que havia participantes do mundo inteiro, ficou em segundo lugar, perdendo apenas para um eminente miniescritor norueguês. Depois do quinze, tudo começou a desandar, ele já não era tão obediente e seu conhecimento ficou restrito ao que aprendera antes e durante esse período escolar.
Hoje, aos vinte e três anos, o Ricardo, que era o orgulho da família, já não existia mais.
O pseudo-órfão era proprietário de uma academia, na verdade estava mais para uma garagem. O seu pai, depois de pagar três fianças pelas suas más atitudes, cortara-lhe a mesada e bloqueara todos os bens que, algum dia, viria a tomar posse, a única saída que Ricardo encontrou foi fazer o que ele era mestre em fazer: vender o corpo e abrir uma academia. Mas os lucros não eram satisfatórios, então, com a ajuda de um amigo, conheceu o chefe do tráfico e lhe pediu emprego, isto é, como a sua garagem se localizava em um excelente ponto, pediu ao traficante para ‘’passar as drogas à frente’’. Pedido que foi prontamente aceito pelo Queimado, o chefe do tráfico. O negócio, no começo, estava dando muito certo, mas, com o tempo, seus consumidores começaram a falhar, e Ricardo, a cada dia que se passava, tinha que se virar para cobrir as despesas e ficar em dia com o ‘’fornecedor’’.
Este círculo estava com os dias contados, pois, desta vez, as coisas não sairiam como Ricardo havia planejado.
A sua última encomenda ainda não tinha sido quitada, e ele só tinha mais seis horas para saldá-la, pois o sábado logo chegaria ao fim. O seu amigo, Thiago, ao ver o desespero do personal, teve uma ideia da hora.
- Ricardo, vamos ter que tomar uma atitude drástica. Você mora no meio e deve conhecer famílias riquíssimas.
- Roubar? Mas eu não nunca roubei antes?!
-Não se preocupe, a primeira vez a gente nunca esquece.
Ricardo não se sentia bem, mas sabia que estava enjaulado, pois, se não fizesse nada, não veria a cor do sol do outro dia. Então, depois de muito pensar, concluiu que assaltar uma família rica seria a única saída.
Essa aventura mudaria para sempre a vida do personal, pois uma Pétala Dourada surgiria no seu caminho.
Continua...
Um comentário:
Adorei! Quero mais, super curiosa hm
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