27 de dezembro de 2009
A Loira da BR
Claúdia estava radiante, afinal, estava indo passar um belo final de semana em Porto Seguro. Depois de um longo trimestre de muito trabalho, achou que merecia um descanso. Então, a convite de um velho amigo, resolveu deixar a cidade onde morava, Jequié, para curtir uma futura inesquecível viagem.
Enfim, depois de tantos atrasos, sua mala estava pronta. Por alguma razão que ela não sabia explicar, meteu duas garrafas de champanhe e uma de Wisky na sua velha sacola de feira. Pronto. Agora a única coisa que faltava era a praia.
Às nove horas, ela dava partida no seu carro, um Palio rosa extremamente decorado com panteras e beija-flores. Ninguém entendia aquele gosto - nem eu, para falar a verdade - Deu aquela última respirada, fez aquele sinal da cruz, quando o carro alcançara a BR que dava acessso ao seu descanso.
Claúdia, a uma certa altura, ligou o rádio e começou a ouvir Belchior, o seu ídolo. Que brisa, meu Deus! Por que tenho que morar longe desta calmaria. Deixa de ser doida, mulher, ninguém pode morar na beira da estrada - riu-se a loira.
Quando faltava mais de 40km para o seu destino, reparou que a BR estava completamente livre, logo, achou que não tinha nenhum problema em usar as duas pistas.
Este pensamento prevaleceu durante doze minutos.
Ela fungava, cantava, respirava, quando a única coisa que ela pode fazer, e por impulso, foi lançar o carro na mata ao lado da pista. O motorista do outro carro saiu furioso de dentro do seu EcoSport. - O que você tem na cabeça, PORRA! Não sabe que essa ''mão'' é a minha? a da volta? Ah, tá explicado. É MULHER! POUTZ! E LOIRA!!! PODE FALAR A VERDADE!!ONDE COMPROU??? ONDE COMPROU OU ROBOU A CARTEIRA? - Claúdia estava arrasada, seu final de semana tinha se transformado em um tremendo prejuízo - Só quero saber quem é que vai pagar a conta - murmurava o motorista.
- Senhor, peço desculpas pela incoveniência. Agirei dentro da lei. Fique despreocupado, cuidarei de todos os gastos. ACHO BOM!
Nessa altura, o DER já tinha sido acionado pelos vários motoristas que presenciaram o acidente. Em poucos minutos o socorro chegaria. - Senhor, sempre ouvi a minha vó dizer que não se deve chorar pelo leite derramado. Você fala isso por que não foi o seu carro que bateu na cerca. Olha a lataria em que ele se transformou. tsc!
Mas eu vou pagar, já falei. O senhor está muito nervoso. Qual é o seu nome?
O motorista, meio receoso, disse - Eron, meu nome é Eron, mas precisamente Eron Dobrada.
- Que nome lindo!
O motorista percebeu uma luz vindo do olhar daquela loira. '' Como sou bobo"'. Na beira da estrada, sozinho com esse pedaço.
- Qual é a sua graça, linda?
- Claúdia.
- Faz jus a dona dele.
- Aqui, Eron, estava indo à praia, mas, depois deste ocorrido, acho que não há mais clima para descanso, mas, para não dizer que não divertir, tenho umas bebidas ali no meu malão. Bem, espero que estejam inteirinhas...
- Está me convidando para beber?
- Bem... Nã...
- ACEITO!
Se você tivesse passado por ali trinta minutos depois do primeiro gole, iria dizer que os dois pareciam ser grandes amigos. As gargalhadas eram ensurdecedoras.
- Você está tentanto me seduzir, Eron?
- Epa! VOCÊ TENTOU PRIMEIRO!
Eron já tinha tomado toda a sua garrafa de champanhe, mas a bela moça parecia nem ter ''triscado'' na sua.
- Você está tentando me embriagar para fazer de mim gato e sapato, né? Eu deixo! Faça de mim o que quiser!
A moça, com aquele olhar cativante, aproximou-se da boca dele e tascou-lhe um beijo.
- EU SABIA!!!!! Não tem mais champanhe?AAHHHH!
- Só uma garrafa de Wisky.
- Me dá! Assim não, na boquinha!
O pedido foi prontamente atendido pela moça. Ela começou a virar a garrafa na boca dele. De vez em quando, parava parava para beijá-lo.
- Eu queria que esses acidentes acontecessem mais vezes...
-Eles estão chegando, O DER. Levanta, ERON!
- O que aconteceu aqui?- perguntou o agente.
Claúdia, com aquele jeitinho justo, simples, cativante, disparou.
- Seu guarda, estava eu dirigindo tranquilamente, quando esse bêbado invadiu a pista e quase nos matou.
- Co-mmooo asssim, bbbebeba... -
- Viu! Esse bêbado pôs a minha vida em risco. Exijo que seja punido.
O agente, dirigindo-se ao bêbado, disse - Bem, terás que pagar todos os danos causados a essa linda moça, e ainda perderá alguns pontinhos na carteira. Fique tranquilo, moça, cuidarei desse caso pessoalmente.
Eron, que mal conseguia ficar em pé, nada pode fazer. Quando tentava falar alguma coisa, era interrompido por um sonoro soco e um alto ''cala a boca, seu bêbado''.
Claúdia nunca mais topou com o bêbado, mas sempre que viaja recorre à sua velha e sofrida sacola de feira.
PS: baseado em contos populares,
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