23 de outubro de 2009

Pétalas Douradas

Ricardo estava muito nervoso, pois o chefe do tráfico da sua cidade, Governador Valadares, tinha lhe dado um prazo para que a maconha fosse paga, e, embora este prazo ainda não tivesse terminado, as seis horas restantes não o tranqüilizava.
Ricardo era nato da alta sociedade valadarense, era belo, loiro, alto e, devido a sua ocupação, personal trainee, tinha um físico de atleta. Tinha 23 anos e era filho do industrial mais sucedido de sua região. Fora criado pelo pai, pois a sua mãe havia morrido ao dar a luz ao primeiro e único filho. Era essa versão que foi contada a ele.
O personal teve a vida que qualquer ser humano queria ter. Aos 18 anos, já conhecia a maioria das cidades turísticas da Europa, Ilhas do Caribe, plataformas da Argentina e savanas da África.
O seu pai, por ser um homem de negócios, raramente viajava com ele, mas, por outro lado, concedia-lhe a mais bela e cara estrutura de passeios turísticos.
Até os 15 anos, Ricardo era um exemplo de filho. Extremamente obediente e inteligente. Sempre fora o primeiro da turma, já tinha sido o primeiro lugar em um concurso de nível nacional e, ao participar de uma maratona de matemática, em que havia participantes do mundo inteiro, ficou em segundo lugar, perdendo apenas para um eminente miniescritor norueguês. Depois do quinze, tudo começou a desandar, ele já não era tão obediente e seu conhecimento ficou restrito ao que aprendera antes e durante esse período escolar.

Hoje, aos vinte e três anos, o Ricardo, que era o orgulho da família, já não existia mais.

O pseudo-órfão era proprietário de uma academia, na verdade estava mais para uma garagem. O seu pai, depois de pagar três fianças pelas suas más atitudes, cortara-lhe a mesada e bloqueara todos os bens que, algum dia, viria a tomar posse, a única saída que Ricardo encontrou foi fazer o que ele era mestre em fazer: vender o corpo e abrir uma academia. Mas os lucros não eram satisfatórios, então, com a ajuda de um amigo, conheceu o chefe do tráfico e lhe pediu emprego, isto é, como a sua garagem se localizava em um excelente ponto, pediu ao traficante para ‘’passar as drogas à frente’’. Pedido que foi prontamente aceito pelo Queimado, o chefe do tráfico. O negócio, no começo, estava dando muito certo, mas, com o tempo, seus consumidores começaram a falhar, e Ricardo, a cada dia que se passava, tinha que se virar para cobrir as despesas e ficar em dia com o ‘’fornecedor’’.

Este círculo estava com os dias contados, pois, desta vez, as coisas não sairiam como Ricardo havia planejado.

A sua última encomenda ainda não tinha sido quitada, e ele só tinha mais seis horas para saldá-la, pois o sábado logo chegaria ao fim. O seu amigo, Thiago, ao ver o desespero do personal, teve uma ideia da hora.

- Ricardo, vamos ter que tomar uma atitude drástica. Você mora no meio e deve conhecer famílias riquíssimas.
- Roubar? Mas eu não nunca roubei antes?!
-Não se preocupe, a primeira vez a gente nunca esquece.

Ricardo não se sentia bem, mas sabia que estava enjaulado, pois, se não fizesse nada, não veria a cor do sol do outro dia. Então, depois de muito pensar, concluiu que assaltar uma família rica seria a única saída.

Essa aventura mudaria para sempre a vida do personal, pois uma Pétala Dourada surgiria no seu caminho.



Continua...

11 de outubro de 2009

Voltando atrás.

Lúcilia caminhava, decidida, nada iria atrapalhar a sua carreira de modelo. - Lutei muito para chegar até aqui, não vai ser um bastardo que atrapalhará o meu caminho - falou para o ser que carregava no seu ventre.
Não iria demorar para chegar  ao lugar desejado. Segundo as suas contas, estaria na clínica em dez minutos, no máximo.
Lucílía era de origem pobre. Os seus pais moravam no interior do Ceará, em uma cidadezinha que ele fazia questão de esquecer o nome.Vivera naquele lugar durante toda a sua infância. Sua tia, ao fazer uma vista fora de hora para os seus pais, a convidou para morar no Rio de Janeiro.
Marina, a tia materna da Lucília, convenceu a sua irmã a deixar a filha correr atrás dos sonhos dela. Que futuro você espera para a sua filha aqui? Catar quiabo todos o dias? Francamente! Não atrapalhe a vida de sua filha, irmã! Tereza, a mãe de Lucília, em meio muito a choro e lágrimas, deixou que a filha partisse.
Passaram-se dez minutos, ela já havia chegado na clínica. Estava sentido um desconforto, mas isso não faria com que sua decisão fosse adiada.
O homem de branco a chamou, pediu para que ela entrasse em uma sala pequena, esta cheirava a casa suja em dias de inverno. A maca estava está suja de sangue, provavelmente da ''menina'' que ela a viu saindo, aos prantos.
Mas Lucília era forte, o seu objetivo justificava a sua atitude. Com um aperto no coração, deixou que aquele homem efetivasse a sua decisão.
- Está sentindo alguma coisa? - perguntou o homem de branco
-  Sinto uma vontade de vomit...- falou Lucília, mirando na seringa vazia que jazia na mão esquerda do homem.
Já era tarde, ela não deveria está ali. Levantou-se bruscamente. Reparou que a maca estava bem mais suja agora.
O homem veio até ela e disse que tudo estava perfeitamente bem.
Ela sorriu, um pouco constrangida.
Agora a única coisa que importava era sua carrreira.
Algum tempo se passou, e Lúcilia tinha conseguido se tornar uma modelo de sucesso, casou-se com um empresário da moda, e teve dois filhos com ele.
Apesar de todo o seu sucesso, Lucília sentia falta de algo, talvez do filho que ela havia tirado há vinte e três anos atrás - ela estava com quarenta anos. Como pude fazer isso?
Certo dia, após uma briga violenta com o seu marido, decidiu se separar dele.
O seu marido foi embora, deixando dinheiro suficiente para que ela pudesse ter uma vida digna.
Agora, sem pai e sem mãe - a casa deles fora queimada, e com eles dentro - Lucília decidiu se dedicar aos filhos, porém, na primeira pirraça que seu filho de quatro anos, o mais novo,fez, ela  perdeu a estribeira. Bateu tanto no menino que sangue jorrou da  boca dele.
Irada, virou-se para Pedro e disse...
- EU TE MATO, EU TE MATO SE APRONTAR MAIS UMA COMIGO!
O menino fechou a cara, ficou triste, pensativo e, com um novo rosto figurando no rosto dele, virou-se para mãe e disse:
- Outra vez?
Foi aí que o despertador tocou.
Lucília, agora, sabia o que não deveria fazer.

3 de outubro de 2009

Coisa Esquisita

Todos vocês devem ficar nervosos na hora de responder às questões das provas escolares. Manifestações físicas de todos os tipos aparecem nessa hora. Já vi gente se empanturrar com chocolates, se enfartar de tanto beber água, roer as cutículas, enrolar os cabelos, coçar as mãos, cruzar e descruzar os pés, piscar constantemente, ''mastigar'' saliva e ''beber'' ar, assoviar, estalar os dedos, fazer miniesculturas com chicletes (para depois pregá-los embaixo da carteira), entre tantas outras desagradáveis manias, como estalar chicletes ou provocar ruídos insuportáveis com a mastigação dos famosos salgadinhos. Eu, particularmente, sempre controlei os meus instintos nesse momento tão importante, mas, ultimamente, tenho percebido uma manifestação um tanto esquisita da minha parte. A semana passada foi de muitas provas (Parasitologia prática e teórica, Histologia prática e teórica e Mat. & Bioestatística), e uma coisa estranha aconteceu comigo nos momentos das avaliações. A princípio eu pensei que era apenas uma reação de hipersensibilidade a algum desodorante comprado nas lojas de 1.99 ou ao cheiro de chulé dos salgadinhos, mas percebi que não era bem isso. Tá, tá, tá... Já vou falar o que aconteceu. Eu simplesmente comecei a espirrar e a soluçar, espirrei e solucei durante  uns cinco minutos. Fiquei acanhado, pois percebi que as pessoas estavam ficando nervosas com o meu acesso de... O engraçado é que quanto mais eu espirrava mais vontade eu tinha de espirrar, se eu não abafasse alguns espirros, parece que, por si sós,  eles não dariam uma trégua.  Já os soluços, nem São Braz conseguiu me ajudar, o jeito foi beber bastante água. Será isso uma manifestação nervosa provocada pela situação? Não sei. Estou começando a ficar preocupado, mais comigo do que com os outros, uma vez que eu não consigo controlar essa situação, contrastando com eles, que poderiam muito bem deixar para comer ou manifestar macaquices em outras ocasiões.